domingo, 3 de julho de 2016

DISTÂNCIAS - Fabio Augusto Machado

Quanta ironia ha na vida.
As vezes estamos tão perto,
Outras estamos tão longe,
Triste é quando estamos longe, estando perto...

A distância física é remediável.
Mas que remédio há para a distância da alma?
Não se pode calcular, ou sequer imaginar...
Com esta eu perco a paz, eu perco a calma

Sou um peregrino aqui na Terra
Viajando em busca de um grande amor
Chega dos atalhos que a vida emperra!
A rota mais curta, já causou muita dor...

terça-feira, 28 de junho de 2016

INCOMPREENSÍVEL - Fabio Augusto Machado

Jesus por todos nós morreu na cruz
Com seu amor e salvação que a Deus conduz
Foi humilhado, açoitado e sepultado
E o que fazemos para honrar o seu legado?

Sou corrompido como todo homem criado
Tão pecador como o romano que o pregou
Sou como Judas que com um beijo lhe entregou
Pra lá na cruz do calvário ser massacrado

Por tudo isso que é impossível compreender,
A dimensão da compaixão do bom Jesus...
A morte eterna ele pode reverter
Um privilégio do qual não fazemos jus...

quarta-feira, 1 de junho de 2016

VIDA MISERÁVEL - Fabio Augusto Machado

Quem se importa com a minha miséria?
Ela é bem feia e bem triste de se ver.
Talvez por isso há quem transtorne-a em pilhéria...
Essa tal globalização: há quem possa remover?

Na minha agonia o bem e o mal não se discerne,
mas é o descaso que me deixa entojado:
sou descartado como um pedaço podre de carne,
ou desprezado como um metal velho enferrujado.

A dor é antiga: veio dos europeus ou é desde Adão e Eva?
Só uma coisa eu sei: da vida nada se traz.
E que bom, da vida nada se leva!

Como uma fístula tráqueoesofágica,
é o meu bizarro e anômalo viver.
Uma existência, triste, vazia e trágica.
Hoje? nada para engolir. Amanhã? é impossível prever...

sexta-feira, 13 de maio de 2016

TEMPO - Fabio Augusto Machado

Tudo é perda de tempo!!!
Só ganhamos tempo no instante em que nascemos
Depois, Deus vira a ampulheta,
E a areia não para mais de cair...
E o mais interessante: 
ninguém sabe a quantidade de areia que lhe cabe...

quinta-feira, 28 de abril de 2016

BATALHA COTIDIANA - Fabio Augusto Machado

Apesar de tudo
Apesar de tantos...
De tanta oposição,
De tanta dificuldade,
De tanto preconceito,
De tanta desigualdade,
Nós encontramos na dor,
Nós encontramos na arte,
Nós encontramos na luta,
A nossa identidade!

Esse discurso maçante, da tal globalização,
Busca esconder a verdade da nossa situação.
Essa elite voraz afasta pra bem longe de si,
A pobreza que ela mesma fomenta, amplia, corrói, e ainda ri!

Pra piorar os mais pobres, ou mesmo os de classe média,
São doutrinados e enganados, diante da televisão.
É como na Roma antiga: do pão, do circo e a comédia.
O que se pretende é o silencio, frente a exploração...

A luta é injusta. Mas não ficaremos calados.
Não nos ajoelharemos e nem ficaremos sentados.
Partiremos pra guerra, com as melhores armas que temos.
E com toda a coragem e fervor, lutaremos!

E no combate do engano e da manipulação,
Minha arma são os livros: é a educação!
E contra o medo, o ódio, a ganância e o rancor,
Ofereço a verdade, minha arte, minha fé, meu amor...

sexta-feira, 22 de abril de 2016

PASÁRGADA? - Fabio Augusto Machado


O que eu não faria para viver esse amor?
Para cobri-te de beijos e sentir seu calor?
O que eu não faria pra te ver todo dia?
Para que o "tchau" não se transformasse em agonia?

Nada.
Não faria nada.
Não farei nada.
Pois a revelação desse amor, 
poderia trazer muita dor.

Sendo assim, aceitarei minha solidão.
Vivê-la-ei com força e resignação.
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito.
Mais uma vez, eu nada farei,
pois infelizmente, não sou amigo do rei...

quinta-feira, 14 de abril de 2016

FALANDO DE AMOR - Fabio Augusto Machado


Tentarei explicar o que sinto por você:
Mas palavras, para falar deste amor,
são como gotas para explicar o oceano,
como folhas para entender as florestas,
ou lâmpadas opacas para falar das estrelas...

Já recorri aos maiores poetas.
Pesquisei na Internet, desbravei bibliotecas.
Puxa! Como eu queria saber expressar
Esse imenso amor, que é maior do que o mar.

Sendo assim aprendi de uma vez,
que o amor não se explica: se sente!
É simplesmente uma emoção ardente,
que destrói toda e qualquer lucidez.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Se se morre de amor! – Gonçalves Dias



Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!

Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro

Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!

Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!

Se tal paixão porém enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d'êxtases puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;

Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ãnsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!

Esse, que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!

Ps. Vale a pena ler essa análise deste maravilhoso poema de Gonçalves Dias, no site: